domingo, 8 de maio de 2011

CROSSDRESSER E A INTERNET

É sabido que relatos de crossdressing perpassam todos os períodos da história mundial. Da nobreza à plebe, há casos de homens e mulheres que, por variados motivos, travestiam-se. Entretanto, essa prática era, normalmente, escondida às sete chaves o que, ao mesmo tempo em que conferia a ela discrição, também tornava-a clandestina e pouco visível. Na década de 1980, nos EUA, um grupo de homens heterossexuais escancarou esse desejo ao mundo, denominando-os de crossdresser. Mesmo depois do surgimento oficial do termo, as cds permaneceram escondidas e anônimas. Afinal, uma das características do crossdressing é justamente a possibilidade de se travestir em locais mais discretos e brincar com os gêneros masculinos e femininos. De dia, Maria. De noite, João. Algo assim, mas não tão simples e quadrado.
                Com a difusão da internet na sociedade, práticas, desejos, fantasias antes adormecidas ou escondidas em porões quase inacessíveis vieram à tona, com a possibilidade da socialização e com a garantia (ou opção) do anonimato. De fato, a internet está revolucionando as formas de socialização e também está dando novos e diferentes contornos às questões do domínio da sexualidade. Tomando o crossdressing como exemplo, é fácil perceber a importância da internet na circulação de informações e auxílio na prática dos desejos. Vamos ao exemplo: uma cd que só se monta em casa, na proteção das 4 paredes, quer encontrar outras cds ou algum “ficante”. Sem internet, o que ela iria fazer? Frequentar uma balada, vestido de menino, conhecer um rapaz, conversar e, antes do primeiro beijo, dizer que gosta de se vestir de mulher e que, naquele momento, está usando uma calcinha por baixo da calça???? (kkkkk). Até poderia dar certo, mas, convenhamos, que a busca seria bem trabalhosa. Afinal, não está escrito na testa das pessoas que fulano é cd ou que sicrano gosta de estar com cds. Nesse sentido, salas de bate papo, redes sociais tornam a busca mais objetiva e, nesse sentido, até mais segura.
Colocando-me como exemplo, dos namorados e ficantes que tive, foram poucos os que eu não conheci pela internet. Na verdade, namorados todos eu os conheci pela net e foi eterno enquanto durou, como bem dizia Vinícius de Moraes. Sem dúvida que a internet não só facilitou a busca por parceir@s, namorad@s e afins, mas também propiciou o diálogo entre pessoas com a mesma condição. Possibilitou a troca de informações, de experiências e, sem dúvida, coopera para a formação de uma identidade coletiva em constante mutação. Hoje em dia existem clubes, associações de crossdresseres. Há blogs, flogs, comunidades no Orkut para discutir, repensar, ressignificar, informar sobre isso.
E isso está surtindo efeito. Nas salas de bate papo, por exemplo, normalmente há mais pessoas não-cds procurando e querendo informações sobre as cds. Isso é bom! Visibilidade promove a informação e a reflexão. Isso existe? Como? Quando? Quem? Por quê? Sim, a internet tem propiciado diálogos e tirado o crossdressing da sala escura da sexualidade e tornando-o viável, tanto para as cds como também para seus/suas admirador@s. A diversidade e a democracia agradecem!
Na foto, a dualidade masculino/feminino presente na identidade cross. Fonte da imagem: http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/03/crossdressing-%E2%80%93-homem-mulher-ou-outro-genero-qualquer/

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