segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

ADEUS 2011... VOILÁ 2012!

E mais um ano se vai! 2011 começou meio morno para mim, em todos os sentidos, mas termina em alta, o que me deixa com muita esperança de que 2012 seja um ano maravilhoso.

Chega o final de ano e a gente faz o balanço do que se passou e as promessas para o ano vindouro. No campo profissional, não tenho do que reclamar. Minha carreira deu um salto qualitativo incrível neste ano e com possibilidades de mais crescimento ainda para 2012. Ufa! Ainda bem! Agora no campo amoroso, só derrapadas, desencontros, frustrações. Sorte no jogo, azar no amor? Será????
Mas nos 45 minutos do segundo tempo, eis que a vida, o destino, o universo tem me acenado com possibilidades reconfortantes para 2012.  Assim espero!
Mudança de emprego, de cidade, de Estado... nossa! Quantas mudanças para o próximo ano! E, junto disso, promessas de me alimentar de forma cada vez mais saudável, praticar mais atividades físicas, me tornar melhor enquanto pessoa. Enfim, cuidar da mente, do corpo e da sensibilidade humana.
Agradeço a Deus e ao universo por tudo que me aconteceu em 2011. As coisas boas me fortaleceram, e as coisas não tão boas entraram no rol das experiências que me fizeram aprender com os erros para, então, evoluir enquanto pessoa.
A tod@s amig@s, virtuais ou não, parafraseio aqui uma canção da compositora Joyce, que fala sobre as lições de vida de um budista famoso da década de 70, chamado Monsieur Binot:
“Bom é não fumar
Beber só pelo paladar
Comer de tudo que for bem natural
E só fazer muito amor
Que amor não faz mal”

Amor não faz mal! Feliz 2012 a tod@s!!!!!

domingo, 6 de novembro de 2011

Desabafo

Querid@s, estou de volta ao blog! Depois de um hiato de 3 meses, volto a escrever e a manter contato com meu pequeno, mas seleto grupo de seguidor@s.
Explico porque fiquei tanto tempo sem escrever: o segundo semestre me trouxe uma carga de trabalho grande e exaustiva. Sem contar as intermináveis viagens que tenho feito a trabalho. Viagens ao interior do Brasil. Um Brasil diferente, contundente, distante, lindo, mas, muitas vezes, cruel.
A semana passada, em uma cidade do Nordeste, fui a um cabeleireiro para hidratar meu cabelo. Enquanto o profissional fazia seu trabalho, entrou no salão um homem, bonito, por sinal, e ficou papeando com os dois cabeleireiros que estavam no recinto. Conversava com o que cuidava de meu cabelo, e com o outro, que estava sem fazer nada. Juro para vocês que não tenho coragem de reproduzir o teor da conversa. Uma conversa atroz, de baixo calão que, infelizmente, acabei ouvindo. O homem falava em alto e bom som de suas orgias com meninas, ou melhor, com crianças, algumas de 12 anos de idade que ele e seus amigos organizavam. Em certo momento, ele sacou do bolso um celular e mostrava a um dos cabeleireiros cenas de sexo explícito gravadas com as menores de idade, demonstrando, sadicamente, ar de satisfação e contentamento. Ele se vangloriava de traçar não sei quantas “menininhas” em uma só noite. E a reação dos seus interlocutores correspondia a essa satisfação. Via-se nos olhos dos 2 cabeleireiros o jargão: “esse cara é foda!”.
Essa foi a essência do papo dentro de um salão de beleza. Não contei nem sequer 1% das atrocidades que ouvi, porque não tenho coragem. Assim que o profissional terminou a hidratação, paguei o serviço, fui embora, e eles continuaram a conversa da forma mais prosaica possível.
Voltei ao hotel, decepcionada, chateada com a crueldade do ser humano. E cheguei até a colocar em xeque o meu próprio trabalho. Leio, pesquiso, dou curso, palestra sobre sexualidade, mas creio que meu trabalho (e de outros profissionais) está inserido no mais profundo vácuo. Será que meu discurso ecoa em alguém? Será que a ciência pode realmente mudar o comportamento das pessoas?
Ao presenciar aquele cara falando tranquilamente e de forma soberba sobre suas práticas pedófilas, sem problema ou pudor algum, isso me fez pensar que, de fato, o “buraco é mais embaixo”. A pobreza do Brasil ajuda nessa degradação. Sabemos que nos rincões do norte/nordeste as próprias mães “vendem” suas filhas por meia dúzia de laranjas. No fundo, todos sabemos, mas ouvir da boca de pessoas que praticam isso, se vangloriam do ato, e, ainda por cima, se dizem (e são considerados) “machos” é muito doído, ainda mais para quem trabalha com sexualidade, feito eu.
Pedofilia que não para de crescer, casos de homofobia no país todo, aumento de DST's na população. Falta de respeito consigo e com os outros. Que Brasil é esse? Há muito mais lama e hipocrisia do que imaginava.

Bom, acho que me resta voltar pra casa e ouvir cantar a voz doce de Dalva de Oliveira.
Nas imagens, campanhas recentes da luta contra a pedofilia.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Beije o desejo na boca...

            Beijo de amor, beijo de tesão, beijo beijinho, beijaço... como é bom beijar. Beijar a boca de alguém que se deseja acredito que seja algo sublime. Mesmo sendo algo tão bom, há muitos homens que nao gostam de beijar.
O primeiro beijo (beijaço) homossexual da dramaturgia brasileira.

Várias vezes já me perguntei o porquê disso. Existem homens que gostam de lamber pênis, mas nao beijam. Existem homens que gostam de fazer sexo oral no ânus (fazer e receber), mas nao beijam. Existem homens que gostam de ser penetrados (papel passivo sexualmente), mas não beijam...
Ou seja, se permitem fazer, no ato sexual, coisas muito mais particulares e peculiares, mas nao curtem beijar. Eu já tive situações de ir pra cama e, na hora H, o cara já querer ir direto para os finalmente. Sem beijo, sem toque, sem a famosa preliminar. Esse tipo de sexo, que os especialistas chamam de genitalizado, eu abomino. Genitalizado porque nesse caso só importam mesmo os órgãos genitais (bunda, pau e xana). Em resumo, é chegar, gozar e tchau tchau!
O beijo do casal 20 do momento.
              Certamente há homens que procuram cds/tvs pelo fato de achar que elas não necessitam de preliminares, de beijo. Que elas querem saber mesmo é de pau... risos... De fato, há muitas que se saciam só com isso mesmo. Sabemos que para várias cds o que importa é o dote do cara e nada mais. No entanto, há muitas outras cds (e eu me incluo nessa categoria) que não buscam somente o sexo genitalizado. Eu, sinceramente, acho que sexo sem beijo torna o ato extremamente mecânico e impessoal. O beijo para mim é importante porque sela uma cumplicidade que é imprescindível na interação do casal ou mesmo na conjunção sexual, mesmo que seja em um contexto de sexo casual. E é aí que mora a diferença entre os homens que tratam as cds como mulher ou como "puta". Os que tratam como mulher beijam (e beijam gostoso), os que tratam como "puta", off course que se esquivam dessa atividade.
O beijo tenso entre os cowboys-machões do filme "O segredo de Brockeback..."

Depois de muitos anos de estudo na área da sexualidade, tenho uma hipótese para explicar o motivo de alguns homens não gostar de beijar cd/tv e afins. É porque o beijo, em nossa sociedade ocidental, representa o carinho, o amor, o romance. Quando a gente imagina um casal que se ama, imediatamente vem à nossa cabeça duas pessoas se beijando ardorosamente. Na novela, nos filmes, na literatura, o amor entre os personagens é simbolizado pelo beijo que é aguardado por tod@s até o último capítulo. Por conta disso, fica no nosso imaginário que o beijo é sinônimo de amor, de sentimento nobre entre um homem e uma mulher. Por isso mesmo muitos homens jamais admitiriam sentir isso por alguém que nao fosse essencialmente mulher. Daí a recusa ou a dificuldade de beijar. Sabemos que existem homens que adoram ser passivos para cds e travestis, mas nao beijam! Grande diferença! risos... Com ou sem beijo, o ato foi consumado. Nesse caso, a presença ou ausência do beijo nenhuma diferença vai fazer ao ato sexual que aconteceu.
O beijo da transexual Ariadna
Mas essa questão não afeta só as cds não. Conversando com algumas amigas mulheres, várias já me confidenciaram que tiveram namorados ou ficantes que não gostavam ou se esquivavam do beijo. Não preciso nem dizer que essa postura é extremamente aversiva para qualquer mulher. Ter um beijo negado é mais que frustrante, é broxante. E isso dá margem a uma outra hipótese: há homens que se esquivam do carinho, por medo, por aversão. Afinal, "macho que é macho tem que ter pegada" (visão machista e totalmente fora dos padrões atuais. Pegada forte é bom, mas sem as preliminares vira cena de zoológico... risos).
Solteira só me resta beijar o sapo... risos
As pessoas que nao gostam de beijar e se satisfazem só com o impulso sexual-genital, que sejam felizes! Agora as pessoas que, feito eu, amam um beijo caloroso, gostoso e com vontade, beijem o desejo na boca, que o desejo é bom demais!
Nas fotos, as várias possibilidades de beijos e desejos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Paty em Pira


Minhas férias estão quase pela metade e, por isso, aproveitei para visitar meus queridos amigos Wagner e João Paulo (ex-cd Pietra). Foi um final de semana delicioso. Cheguei a Pirassununga na sexta à noite e voltei no domingo. Sinceramente não sou muito fã de cidade do interior. Sou metropolitana, cosmopolita até a alma, mas passar alguns dias numa cidade calma e bem ajeitada, ainda mais acompanhada de pessoas de ótimo astral, não é nada mal.
Como de praxe, além de conversarmos e rirmos muito, fizemos uma sessão de fotos para mim, com direito a ser maquiada pelo Wagner. Foi uma farra, que até o sapo de pelúcia do João Paulo entrou no meio. Momentos de pura alegria. Meninos, obrigada pelo final de semana mais q especial. Não vejo a hora de nos encontrarmos novamente. Já estou com saudades, fofos!
As fotos foram tiradas pelo Wagner. Ele bateu muuuitas fotos, mas aqui coloco só algumas. Aproveito a oportunidade para divulgar o concurso que Wagner está organizando na cidade de Pira. Miss Gay 2011 de Pirassununga. Bem poderia ser Miss Cross, pois trata-se de em evento em que @s candidat@s se montarão de meninas, sendo que não pode se candidatar travestis. As CDs que se interessarem, entrem em contato pelo email missgaypirassununga@hotmail.com
Flyer do concurso organizado pelo Wagner
Antes que me perguntem, eu já respondo que não me candidatarei. Sou amiga dileta do organizador e acho q não tenho muito talento para ser Miss. Deixo a cargo d@s pirassununguenses mesmo. Beijinhos a tod@s!!!!

Quem sabe um dia o sapo vira príncipe, não é?

Parece q estou querendo fugir para Shangi-lá

Esquecemos de tirar o capacete da foto... risos

Foi um final de semana delicioso em Pirassununga

Que sapo atrevido!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Férias, fatos e fotos

Pois é. Fiquei alguns dias longe do meu querido e amado blog. Mas foi por uma boa causa. Estou de férias! E, ao contrário da maioria dos mortais, não costumo viajar em minhas férias, porque, durante o período em que trabalho já viajo bastante, o que é muito bom. Ter a oportunidade de mergulhar no coração do Brasil e poder unir o útil ao agradável não é nada mal para ninguém.
Então, aproveito as férias para arrumar minhas coisinhas, fazer comprinhas, namorar... bom, namorar só se eu estivesse acompanhada. Mas como continuo solteira, me divirto com meus amigos diletos ou sozinha mesmo, afinal, a felicidade está em nós, não nos outros. Assim eu aprendi nos anos em que me sentei no divã de meu estimado analista.
Arrumando minhas coisinhas, organizando meu computador, achei algumas fotos novas, novíssimas, outras nem tão novas assim. E resolvi postar algumas delas.
Sem comentários... risos
Essa barriguinha eu já perdi. Amém! risos
Garota-propaganda... risos
Minha primeira foto de ruivinha
É, ao mesmo tempo, bom e estranho nos rever em retratos. Olharmos istmos de segundos que foram captados por uma máquina. Uma gota da nossa vida retratada. E ver nosso olhar e imaginar o que se passava ali. Que sonhos, que angústias, que desejos estavam submersos por trás de nossos olhos. Escondidos, presos em nossas entranhas, mas loucos de vontade de sair, de explodir em mil cores para o universo. Não me canso de repetir como é complexo o ser humano. Talvez dentro de mim não more um anjo, mas mil anjos, todos multifacetados, na ânsia de sair e de se mostrar ao mundo.
O que eu deveria estar pensando neste momento?
Minha foto mais recente.
É claro que a vida não é só amor. A vida é família, amig@s, trabalho, saúde, cultura etc etc. Mas a vida com um amor, com um romance, ganha traços mais coloridos. O primeiro semestre para mim é sempre mais difícil. De resignação, de problemas a serem resolvidos, de reclusão. A partir do segundo semestre as coisas começam a acontecer. As flores nascem e ganham vida na primavera. Ai! Ai! Sinto que algo bom me espera. É pura intuição. “Meu coração é um pandeiro, marcando o compasso de um samba feiticeiro. Samba que mexe com a gente. Samba que zomba da gente. O amor é um samba tão diferente”.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Parada e outras paradas

Ontem foi a 15 Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Desde 2004 a maior do mundo. Infelizmente este ano não pude ir. Na verdade, só fui na edição de 2005 e de 2008. Não gosto de muvuca, de multidão. Então, nas vezes em que fui, dei uma passadinha só pra tirar fotos, filmar, e ir embora. Nunca nem cheguei a fazer o percurso da Paulista ao centro. No entanto, isso não quer dizer que eu seja um ser alienado e viva em um mundo à parte.

 Acompanho os preparativos, a escolha do tema e fico bem antenada em tudo q acontece no mês mais colorido do ano e que, por sinal, é o mês de meu aniversário.

Este mês choveu, mas, pelo que vi, a festa estava mais linda q nunca. Afinal, havia muitos motivos para comemorar e, mais ainda, para reivindicar. Espero q, um dia, consigamos viver, de fato, em um Estado laico e que haja paz e amor entre todos na América do Sul!

domingo, 19 de junho de 2011

Mais um ano, mais uma vez!

Dia de aniversário, para mim, é um misto de alegria e tristeza. Tempo de fazer um balanço e de agradecer. Aliás, me policio sempre a não só pedir ou me lamentar, mas tbm agradecer por estar viva, bem, e com saúde. Isso é primordial.
Revendo as minhas escolhas e a minha trajetória, fico feliz de saber que, apesar dos pesares, minha carreira profissional deslanchou, minhas relações com amig@s e familiares se fortaleceu e que, talvez por isso, tenho passado por um momento tranquilo e zen. É claro que me lamento por atitudes impensadas que, certamente, não faria novamente. Uma dessas atitudes tem a ver com um rapaz que conheci em 2008, pela internet, chamado Rafael. Tivemos um namoro relâmpago de um mês e que só terminou por minha culpa. Um rapaz lindo, em todos os sentidos, que, possivelmente, poderia me fazer muito feliz. Nosso primeiro encontro era para durar algumas horas, mas o que aconteceu é que ficamos quase dois dias juntos, nos amando, nos lençois da volúpia. Rafael era grandão, me erguia nos braços e me levava para a cama. Era um coelho carinhoso, mas tbm sabia ser um tigre que me possuía com suas garras afiadas. Ou seja: o homem que qualquer um@ quer para si.
Mas tem pessoas que chegam na vida da gente no momento errado. Na época em que o conheci, eu estava completamente envolvida na doença de um amigo muito querido que, prematuramente, falecera de câncer. Este fato me deixou fora dos eixos. Tirou-me todo o equilíbrio e harmonia que são vitais no mundo áspero em que vivemos hj. Resultado disso é que acabei me afastando do Rafael, sem mais, nem menos. Passei a não atender seus telefonemas, nem a responder seus emails e recados via MSN. E sei o quanto ele tentou-me contatar. Porém, eu, em transe (ou sei lá o quê), não dei nenhuma devolutiva.
Alguns meses depois, quando a morte de meu amigo já havia sido assimilada por mim, saí do transe e percebi a bobagem que havia feito. Tentei entrar em contato com ele, por telefone, e pelo MSN. Enviei e-mail explicando com detalhes o que havia acontecido comigo e pedindo perdão, mas não houve jeito. Nem sequer recebi uma resposta, pois certamente a mágoa que ele tinha de mim não permitiu uma reaproximação.
Como sei que a vida é assim mesmo, engoli a seco essa história e admiti, com resignação, que perdi. Talvez tenha perdido muito mais do que imagino. Afinal, encontrar uma pessoa de bom caráter, doce e atroz, manso e feroz... nos dias de hoje, é como acertar na megasena.
Pois bem... mais um ano, mais uma primavera... vamos amadurecendo e ficando mais críticos com tudo e, sobretudo, conosco mesmo! Chega uma hora que a gente não aguenta mais falsas promessas e ilusões perdidas em paraísos artificiais. E é por isso que meu rápido, porém intenso caso com Rafael está devidamente guardado em meu arquivo emocional.
No entanto, embora este episódio tenha vindo à tona, não quero passar meu aniversário me lamentando não! Até porque tenho mais motivos para celebrar, para agradecer a vida maravilhosa que tenho, sempre cercada de amig@s querid@s e de meus pais que são mais que especiais. Agradecer por tudo, pela vida, pela saúde, pelas viagens lindas que pude e posso fazer, pelas descobertas que me fazem acreditar que, sim, a vida continua bela.
Na imagem, uma foto minha recente, tirada por mim mesma no celular. “Hoje é o meu carnaval. Meu enredo é um lindo sorriso. Abra os braços e vem me encontrar no salão e sonhar também!”

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Aos meus queridos amigos!

                O ano era 2007. Dezembro de 2007. Comecei a “namorar” um rapaz de Pirassununga. Coloquei entre aspas a palavra namorar porque foi um relacionamento tão atabalhoado, tão equivocado que, apesar dos 12 meses em que ficamos juntos, não consigo ver essa parceria como um namoro. Mas deixa isso pra lá! O que importa é que esse “namoro” deixou um legado. E o legado se chama Wagner. Conheci Wagner por intermédio desse “namorado” de Pirassununga. Eles eram amigos. Por tabela, fiquei amigo de Wagner tbm. O “namoro” terminou, mas minha amizade com Wagner continuou e criou raízes.
                Como Wagner queria morar em São Paulo, capital, acabou se mudando para casa e dividimos apartamento durante alguns meses. Me lembro, como se fosse hj, quando ele descobriu que era cd. Eu havia me encontrado com um ficante, na minha casa. E nesse dia, coloquei um salto daqueles que possuem umas tiras que se amarram nas pernas. Um salto daqueles bem sensuais. No entanto, por conta das tiras, fiquei com minha perna toda marcada, de modo que, quando Wagner chegou, viu as marcas das tiras do salto e não tive como mentir... risos... Bons tempos aqueles!
                Poucos meses depois disso, Wagner saiu de casa e foi morar com João Paulo (cd Pietra), uma vez que eram namorados. Foi assim que acabei conhecendo o João Paulo (e a Pietra). Fiquei muito amiga tbm de JP. Inclusive foi ele quem deu uma repaginada em meu look, me ensinando todas as técnicas de maquiagem e modelitos. Fomos a baladas juntos, rimos, nos divertimos juntos. Acompanhei o momento de crise do relacionamento deles, da separação e tbm da reconciliação.
                Infelizmente estamos distantes agora. Wagner e João Paulo se mudaram para Pirassununga. Voltaram às suas raízes para (re)construir sua história de amor. Um amor que é mais forte que as diferenças, mais forte que as dificuldades que todos os dias temos que ultrapassar. Tenho o relacionamento deles como referência e como esperança. Ou seja, se eles podem, eu tbm posso. Um dia meu dia chega!
Mas enquanto não chega, vou ser a “madrinha” do casamento deles. Sim, a união civil homoafetiva foi reconhecida, finalmente! Agora sei porque a Pietra se aposentou... risos... apesar de Wagner, de vez em quando, se transformar lindamente em Alejandra, ele nunca gostou muito desse lance de se montar, mesmo respeitando o estilo de vida do JP.
Espero dar um abraço pessoalmente em vcs em breve. Mas enquanto isso não acontece. Registro aqui meus sinceros votos de felicidade, paz e harmonia para vcs. Eu sempre disse que vcs foram feitos um para o outro.
Antes que alguém faça algum questionamento, digo, de antemão, que eu pedi autorização aos dois para contar essa história e para citar o nome deles. A foto que coloquei dos 2 foi o próprio Wagner que escolheu, especialmente para ser postado no meu blog. JP está de boné e Wagner é o loiro.

Queridos amigos, obrigada pela amizade, pelas risadas, pela alegria, pelo acolhimento. Eu os amo!
P.S. Tive que viajar a trabalho para um lugar inóspito, por isso fiquei um tempo sem atualizar o blog, mas agora estou de volta, com o pique todo... risos.... beijinhos a tod@s que acompanham meus posts!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Desejo!

O grão do desejo quando cresce
É arvoredo, floresce
Não tem serra que derrube
Não tem guerra que desmate
Ele pesa sobre a terra
Mais que a lei da gravidade
(Paulinho da Viola)


                Desejo. Quando vem, vem com força. E quando esse desejo é de cunho sexual, a força é de tsunami, que vai engolindo tudo que vem pela frente. A psicologia comportamental assegura que sexo é uma necessidade (ou desejo) primário, como a alimentação. Ou seja, fazemos tudo para saciar nosso desejo sexual, da mesma forma que fazemos tudo para saciar a nossa fome.
                Deve ser difícil a situação em que a pessoa, por algum motivo, não quer ou não pode saciar esse desejo. Nesses meus anos de experiência crossdresser, já conversei com algumas amigas que não lidavam bem com a prática crossdressing. Quando o desejo era saciado, sentiam-se mal, culpadas, prometiam nunca mais se “montar”, mas normalmente essa promessa não durava mais que uma semana. Atualmente minha única amiga cd me disse, com veemência, que não se montaria mais. Não sei exatamente qual foi o motivo que a levou a tomar essa decisão. Talvez alguma situação vexatória, o sentimento de culpa arraigado pela religião, ou talvez o (ex-)namorado não queira que ela se monte mais... enfim... O que vai definir isso é o grau de desejo e a identidade que ela tem. Há pessoas que simplesmente não conseguem ficar sem se montar, justamente porque isso faz parte de sua personalidade, de suas características, da forma de se apresentar e de significar o mundo. No entanto, há muitas outras que são cds só por conveniência, de acordo com as necessidades sexuais. Ou seja, se montam para procurar “machos”. Há muitos t-lovers que comentam que existem muitos homens que apenas colocam uma calcinha e se intitulam cds. Não vou aqui dizer quem é ou não é cd, mas quero constatar que o desejo de se vestir de mulher vai além da necessidade de se montar pra atrair homens (ou mulheres, no caso das cds heterossexuais).
                Aliás, já que estamos falando de desejo, é importante enfatizar que nem todas as cds são homossexuais. O leque de cheiros e sabores é bem variado. Sem querer cair em rotulações vazias, vou tentar resumir aqui, vamos lá:
  1. Cds que gostam de homens. Nesse caso, a relação, digamos, equivale a um casal heterossexual. Eu disse equivale! Já que a cd faz o papel feminino e o homem (um tlover), o papel masculino.  Porém, isso não quer dizer que o homem faça sempre o papel de ativo. Há muitas variações nisso. Há cds somente passivas, somente ativas e reflexivas (A e P), da mesma forma que existem homens que também são só ativos, ou só passivos, ou reflexivos. É a diversidade dentro da diversidade!
  2. Cds que gostam de cds e travestis. Há muitas cds q apenas se relacionam com outras cds ou travestis. São as denominadas cds lésbicas... risos...
  3. Cds que gostam de mulheres. São as cds heterossexuais. Algumas se montam na total clandestinidade, com medo de serem descobertas pela esposa, noiva ou namorada. E há também aquelas que têm a conivência da companheira e vivem muito bem com isso. As mulheres que gostam e apoiam as cds são chamadas de supportive opposite.
Isso é um resumo do resumo, porque a partir dessas 3 possibilidades, outras formas de relacionamento são críveis de acontecer. Há cds bissexuais. Há cds que curtem tudo: homem, mulher, cd, travesti etc. Enfim, o universo é super amplo e muito complexo (ainda bem!). Antes de vc, car@ leitor@, se perguntar em que “categoria” eu me incluo... caso vc tenha lido meus posts anteriores não é difícil de saber que sou uma cd que gosta, que sente desejo, por homens. Somente por homens! De cd, já basta eu! (kkkk).  
Na verdade, o que vale é viver a sexualidade com responsabilidade e alegria. Se o objeto de seu desejo é uma pessoa (independente do sexo) adulta e viva, então, darling, “beije o desejo na boca, que o desejo é bom demais!”
Na foto, eu, na altura dos meus 1,68m (num vestidinho dourado) e minha amiga (ex-) cd Pietra. Essa foto foi tirada ano passado, em uma balada de Sampa.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Brasil do beijo lésbico não é o mesmo do Brasil da bancada evangélica

Mas tá um trem de doido, êta confusão
Parece natural andar na contramão.
Tão vendendo ingresso
Pra ver nego morrer no osso
Vou fechar a janela
Pra ver se não ouço
As mazelas dos outros.
(No Braseiro. Pedro Luís)

Na quinta-feira, dia 12 de maio de 2011, dois fatos pontuaram ações bem diferentes no mesmo Brasil. Durante o dia, novamente a votação, no Congresso, da Lei contra a homofobia (PLC 122/2006) foi adiada, por conta da arruaça protagonizada pela bancada evangélica de parlamentares. À noite, por volta das 22h15, foi ao ar, enfim, o primeiro beijo (ou melhor, beijaço, de 40 segundos!!!) homossexual (lésbico) da teledramaturgia brasileira. Me parece que a novela não é grande coisa, no entanto é uma das mais comentadas na internet por causa das cenas de tortura e, obviamente, do esperado beijo lésbico que, dessa vez, de fato, se concretizou. O lacre foi rompido e o autor da novela já adiantou que, dependendo do andar da carruagem, outros beijos virão e até cenas quentes entre as duas poderão ocorrer.
           Agora nos resta esperar pelo beijo gay (sim, entre 2 homens). Esse sim deve ser bem aguardado, uma vez que, apesar de o gay ter mais visibilidade que a lésbica na sociedade, a homossexualidade masculina é mais rechaçada, mais repugnada que a feminina. Sabemos que muitos homens heterossexuais gostam e até se excitam só pelo fato de ver duas mulheres se beijando, se roçando. Cenas de sexo entre mulheres em vídeos pornográficos destinados ao público heterossexual são mais comuns do que se pensa. E isso não é considerado homossexualidade (???). Algumas mulheres que protagonizam tais cenas se intitulam bi-curiosa (então tá!).
          De qualquer forma, esse beijo lésbico no canal do Sílvio Santos é pra se comemorar sim. O beijo aconteceu e o mundo não se acabou. Ninguém vai mudar seu comportamento, sua sexualidade pelo fato de ter visto duas personagens se beijando na TV. Meu desejo é que esse tipo de cena seja mais constante e tratado de forma natural. Da mesma maneira que um homem e uma mulher se beijam, isso também pode acontecer com 2 homens ou com 2 mulheres. Isso faz parte de um processo lento de desconstrução de estereótipos e de hipocrisia. Esse negócio de dizer que aceita, que apoia, mas que não pode mostrar, porque fulano ou sicrano não está preparado para ver, é pura demagogia. É a mesma demagogia utilizada pelos deputados da bancada evangélica que impedem todo e qualquer tipo de tentativa de lei que almeje proporcionar direitos de cidadania aos/às LGBT.
            Estamos em 2011 e houve muitos projetos pró-LGBT no poder Legislativo que foram simplesmente engavetados. Até o momento, as conquistas garantidas foram galgadas a partir do judiciário (como a decisão do STF sobre união civil estável homossexual, que aconteceu a semana passada). Pois é, enquanto o judiciário se atualiza e começa a colocar na prática ações inclusivas e democráticas, o poder legislativo esbarra em questões religiosas como forma de justificar a negação de direitos para boa parcela da população.
            Dessa vez, liderados por Jair Bolsonaro (novamente ele!), a bancada evangélica alega que a lei que criminaliza a homofobia fere a liberdade de expressão dos templos religiosos. O deputado “distintíssimo” Magno Malta fala em “imperialismo homossexual”. É muita balela. É um discurso fascista que tenta confundir a população e que fere o princípio básico da nação: o Brasil é um país laico. Não se pode pensar em leis que sigam essa ou aquela religião. Temos que pensar no bem de tod@s, no bem coletivo. Liberdade de expressão não pode ser confundida com direito a discriminar, a permitir intolerância. E que imperialismo homossexual é esse a que o “digníssimo” deputado se refere? Punir a violência e a discriminação é um mecanismo para se preservar a dignidade e o respeito da minoria oprimida.
       Essa lógica capitalista de que para um ser incluído o outro deve ser excluído é um pensamento mesquinho e ditatorial. Em outras palavras: se eu defendo o direito dos negros, não quer dizer que eu esteja recriminando os brancos. O mesmo vale para homo e heterossexuais e assim por diante. Temos que pensar no bem de tod@s, independente do credo, da etnia, da orientação sexual ou de gênero e da classe social de cada um. É isso que prega a Constituição Federal de 1988, mas que, na prática, nada acontece.
           Gradualmente as coisas estão mudando e melhorando. Espero que um dia o Brasil do beijo lésbico da novela se encontre com o Brasil do Legislativo. Todos nós queremos viver com respeito e dignidade. Felicidade é bom e eu quero paz, justiça, alegria!
        Na foto, o delicioso beijo entre Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Giselle Tigre) na novela “Amor e revolução”. Fonte da imagem: http://novohamburgo.org/site/noticias/cultura/entretenimento-cultura/2011/05/13/fim-do-preconceito-mulheres-protagonizam-primeiro-beijo-gay-da-tv-brasileira/

domingo, 8 de maio de 2011

CROSSDRESSER E A INTERNET

É sabido que relatos de crossdressing perpassam todos os períodos da história mundial. Da nobreza à plebe, há casos de homens e mulheres que, por variados motivos, travestiam-se. Entretanto, essa prática era, normalmente, escondida às sete chaves o que, ao mesmo tempo em que conferia a ela discrição, também tornava-a clandestina e pouco visível. Na década de 1980, nos EUA, um grupo de homens heterossexuais escancarou esse desejo ao mundo, denominando-os de crossdresser. Mesmo depois do surgimento oficial do termo, as cds permaneceram escondidas e anônimas. Afinal, uma das características do crossdressing é justamente a possibilidade de se travestir em locais mais discretos e brincar com os gêneros masculinos e femininos. De dia, Maria. De noite, João. Algo assim, mas não tão simples e quadrado.
                Com a difusão da internet na sociedade, práticas, desejos, fantasias antes adormecidas ou escondidas em porões quase inacessíveis vieram à tona, com a possibilidade da socialização e com a garantia (ou opção) do anonimato. De fato, a internet está revolucionando as formas de socialização e também está dando novos e diferentes contornos às questões do domínio da sexualidade. Tomando o crossdressing como exemplo, é fácil perceber a importância da internet na circulação de informações e auxílio na prática dos desejos. Vamos ao exemplo: uma cd que só se monta em casa, na proteção das 4 paredes, quer encontrar outras cds ou algum “ficante”. Sem internet, o que ela iria fazer? Frequentar uma balada, vestido de menino, conhecer um rapaz, conversar e, antes do primeiro beijo, dizer que gosta de se vestir de mulher e que, naquele momento, está usando uma calcinha por baixo da calça???? (kkkkk). Até poderia dar certo, mas, convenhamos, que a busca seria bem trabalhosa. Afinal, não está escrito na testa das pessoas que fulano é cd ou que sicrano gosta de estar com cds. Nesse sentido, salas de bate papo, redes sociais tornam a busca mais objetiva e, nesse sentido, até mais segura.
Colocando-me como exemplo, dos namorados e ficantes que tive, foram poucos os que eu não conheci pela internet. Na verdade, namorados todos eu os conheci pela net e foi eterno enquanto durou, como bem dizia Vinícius de Moraes. Sem dúvida que a internet não só facilitou a busca por parceir@s, namorad@s e afins, mas também propiciou o diálogo entre pessoas com a mesma condição. Possibilitou a troca de informações, de experiências e, sem dúvida, coopera para a formação de uma identidade coletiva em constante mutação. Hoje em dia existem clubes, associações de crossdresseres. Há blogs, flogs, comunidades no Orkut para discutir, repensar, ressignificar, informar sobre isso.
E isso está surtindo efeito. Nas salas de bate papo, por exemplo, normalmente há mais pessoas não-cds procurando e querendo informações sobre as cds. Isso é bom! Visibilidade promove a informação e a reflexão. Isso existe? Como? Quando? Quem? Por quê? Sim, a internet tem propiciado diálogos e tirado o crossdressing da sala escura da sexualidade e tornando-o viável, tanto para as cds como também para seus/suas admirador@s. A diversidade e a democracia agradecem!
Na foto, a dualidade masculino/feminino presente na identidade cross. Fonte da imagem: http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/03/crossdressing-%E2%80%93-homem-mulher-ou-outro-genero-qualquer/

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Amor! Amor... Amor. Amor?!

         No mês em que completa 4 anos que terminei um relacionamento de 2 anos com o que considero o grande amor de minha vida, no mês em que aconteceu o casamento do século na corte inglesa e na semana em que o STF reconheceu a parceria homossexual como uma célula familiar, gostaria de falar um pouco sobre um assunto eterno, porém fora de moda nos tempos atuais: amor!
            Ai, o amor! Antigamente todos buscavam, lutavam pra encontrar a alma gêmea. Hoje em dia, quando vc fala que está à procura de namoro, de relacionamento sério, é olhada como peça de museu, como uma figura completamente retrô. Uma pessoa mergulhada em um mundo em que o que vale é a quantidade. O lema é “lavô tá novo!”.
        No universo crossdresser/transexual, esse pensamento é quase uma unanimidade, porque muitas pessoas vêem a transexualidade como um mero fetiche sexual. E as próprias cross e tvs tbm se vêem assim. Não é difícil de achar blogs, flogs e congêneres de cds expondo suas vidas sexuais, como que disputando umas com as outras quem é que fica com mais machos. Já vi blogs com mais de 150 fotos e vídeos. Detalhe: cada foto, cada vídeo com um parceiro sexual diferente. É a pós-modernidade! O contato dura até o final do clímax sexual. Gozou, limpou-se, beijinho e adeus!
             Longe de mim querer ser pudica, puritana. Sexo é bom e todo mundo gosta! Mas temos que respeitar as diferenças e escolhas de cada um. Não podemos colocar tod@s no mesmo balaio. Digo isto porque algumas vezes já fui agredida virtualmente por homens que não se conformavam pelo fato de eu não querer a famosa “real”. De eu não ser adepta do sexo casual. Daquele sistema de sair com um hoje, com outro amanhã, e mais outro, e mais outro, sucessivamente.
          De fato, especialmente nas grandes metrópoles, como Rio e São Paulo, a busca por cds é muito grande. Diria até que a procura é maior que a demanda. E isso, em tempos modernos, é muito sedutor, já que a tônica de hoje é a diversificação. Mas, por outro lado, penso que há muitas pessoas que fogem a essa lógica maluca (e até arriscada) de colecionar parceiros sexuais casuais.  É um caminho mais demorado, a longo prazo. Amor é um sentimento que vem com o tempo, como a construção de uma casa, tijolo por tijolo. E é essa a dificuldade de muita gente: esperar esse tempo. No mundo imediatista no qual vivemos, em que tudo é pra ontem, pensar na possibilidade de conhecer, se afeiçoar, gostar, se apaixonar, amar, para muitas pessoas é totalmente descabida.
             Pois é... como diz Lulu Santos, talvez eu seja a última romântica dos litorais desse Oceano Atlântico! Mas, no fundo, no fundo, quem é que não gostaria de encontrar um grande amor???? A maioria não admite, mas isso está no imaginário sentimental de tod@s!!! Quem já encontrou o seu/sua amor, erguei as mãos e dai glória a Deus! Quem não encontrou ainda - feito eu – “não se afobe não que nada é pra já, o amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio!”
Na foto, os caminhos da mão e do coração. Que meigo!

domingo, 1 de maio de 2011

Ariadna

              Apesar de não ser nem um pouco fã do BBB, confesso que fiquei animada quando soube que haveria uma transexual entre @s participantes. Todos sabem q o BBB é um programa popular, com muita audiência, e tudo e qualquer coisa é motivo para discussão nacional. Então, a participação de uma sister transexual seria uma oportunidade para dar visibilidade e, assim, trazer informações às pessoas sobre o universo trans, que é tão mal explorado pela mídia brasileira. No entanto, Ariadna foi sacada do programa cedo, logo no primeiro paredão. Torci, inicialmente, por ela. Achei que seria interessante, em todos os sentidos, que ela permanecesse na casa. A sister ainda teve uma nova oportunidade de voltar ao programa, quando participou, com outros eliminados, da casa de vidro. E novamente o público a rejeitou.
                É fato que ainda há muito preconceito contra homossexuais, travestis, transgêneros e afins, mas também é fato que Ariadna não é das figuras mais carismáticas e inteligentes da face da Terra. Digo isso porque, nos poucos dias em que ficou no BBB e na casa de vidro, Ariadna não falava coisa com coisa, demonstrou ser uma pessoa sincera (quer dizer, mais ou menos, afinal, ela só declarou ser trans quando foi eliminada), mas que não tem muito a acrescentar, com exceção do belo corpo. Assisti a algumas entrevistas que só confirmaram a minha desconfiança: infelizmente Ariadna padecia da mesma limitação da maioria das travestis, ou seja, 100% de corpo e 0% de articulação. O que eu estou querendo dizer é que não tem como estruturar uma vida só se defendendo pelo corpo e na tentativa de encontrar um “príncipe encantado” ou, na linguagem mais popular, na procura de machos mesmo... É claro que isso não é exclusivo das trans. Claro q não! Sabemos que há muitas mulheres por aí que só pensam nisso. Se brincar, não sabem nem em que órbita estamos! Mas, infelizmente, em relação às trans e travestis, digamos que isso é potencializado.
                Não escrevi este post pra achincalhar gratuitamente Ariadna. Claro que não! Trata-se de uma pessoa batalhadora, que deve ter sofrido muito e que está em busca da sua felicidade e, claro, de dinheiro e sucesso. Falei da Ariadna para usá-la como exemplo do que a sociedade oferece e produz em relação às transexuais e travestis no Brasil (e, por que não dizer, no mundo). Poucas têm acesso à escola, acabam turbinando o corpo e se dedicando somente à parte estética porque é com o corpo que elas se defendem, é o corpo que lhes oferece o ganha-pão. Até porque, para a grande maioria, a prostituição é o único caminho viável de conseguir dinheiro. Caminho este, inclusive, trilhado no passado por Ariadna.
                Talvez se a ex-bbb fosse minimamente mais articulada, mais politizada (lembram de Jean Willys?) poderia ter chegado mais longe no programa e, melhor ainda, poderia ter incentivado um debate amplo sobre transexualidade que, infelizmente, não aconteceu. Ariadna está curtindo seus 15 minutos de fama. Posou na Playboy e espero que esteja fazendo um bom pé-de-meia para que, no futuro, não se submeta ao mercado pornográfico, como muitas ex-celebridades têm feito. E, claro, também torço para que ela encontre o seu príncipe encantado. Um homem que ela possa chamar de seu!
               Na foto, Ariadna e um boxeador australiano. Eles se conheceram numa festa a semana passada e ela tem esperança de que os 2 vão namorar. Quem viver, verá!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cartunista Laerte e o mundo crossdresser

Certamente quem é antenad@ e acompanha as notícias do dia-a-dia soube da “saída do armário” do cartunista Laerte.  Ele, que é um profissional super conceituado, assumiu sua condição (se é que se pode falar assim) de crossdresser recentemente. Por se tratar de figura renomada, seu ato rendeu páginas e páginas de matérias, reportagens etc e tal. Muita gente o apoiou, muita gente o rechaçou.
Mas o que é interessante analisar é o fato de um homem público assumir essa condição abertamente, posar para fotos devidamente “montada”, como se ele estivesse escancarando para a sociedade seu estilo de vida. Tirando a prática crossdressing do domínio da clandestinidade e tornando-a visível, doa a quem doer. Aplaudo de pé a coragem e a determinação de Laerte. No mundo machista e homofóbico (sim, homofóbico!) em que vivemos, não deve ter sido fácil ele assumir essa condição para a sua família, amigos, enfim, a todos. Mas são justamente essas pessoas corajosas que abrem caminho para um mundo sem preconceitos e de mais respeito. Certamente, o fato de Laerte assumir ser cd, possibilitou que muita gente, de alguma forma, entrasse em contato com esse universo e tomasse conhecimento de que as fronteiras que separam ser homem de ser mulher são muito mais tênues e obtusas do que imagina nossa vã filosofia. Um homem heterossexual, casado, que tinha filho e tudo (seu filho foi morto ano passado, na cidade de Osasco, lembram?), já com seus quase 60 anos de vida, passa a usar roupas femininas. Corte de cabelo, meia calça, vestidos, sandálias. E não somente no refúgio do lar, mas em todas as suas práticas sociais!
É o ápice de uma vida que não deve nada a ninguém, que faz o que sente bem e que busca uma existência de sentidos para si mesmo. Em uma de suas declarações ele disse que não é homem, nem mulher. Então muitos perguntam: “ele é o que, afinal?”. E eu respondo (risos): a quem isso interessa? A sociedade nos obriga a fazer escolhas, a nos encaixotar, a nos rotular. Ou isso, ou aquilo. Ou verde ou amarelo. Ou palmeiras ou Corinthians. Ou branco ou negro. Ou hetero ou homo. Ou... ou... Sendo que na verdade somos muito mais complexos do que essas binaridades, do que esses caixotes que a sociedade tenta constantemente nos enclausurar. Somos tudo e mais um pouco. Parabéns, Laerte! Vc é uma PESSOA de atitude. Quisera eu ter a sua coragem. Estrelas como vc brilham na eternidade! Na foto, o cartunista Laerte após assumir ser crossdresser. Fonte da imagem: www.folha.com.br

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Quem me vê assim cantando, não sabe nada de mim..."

Ser crossdresser é o que? Uma orientação? Uma condição? Um estilo de vida?
Conheço muitos gays que, na infância, gostavam de usar, às escondidas, roupas femininas da mãe, da irmã. Enchiam os lábios de batom e/ou passeavam pela casa de salto alto. No entanto, na fase adulta, nem todos virariam crossdresser ou travesti. Acredito que ultrapassar os limites de gênero (de ser homem e de ser mulher) é bastante excitante e provocador. Tanto é que ser crossdresser não quer dizer necessariamente ser homo ou heterossexual.  Há muitos casos de cds heterossexuais, da mesma forma que há cds bi e homossexuais. Isto quer dizer que brincar com a masculinidade e com a feminilidade transcende o sexo.
Eu mesma, ao contrário de muitas outras cds, nunca tive, na infância, vontade de me vestir de mulher. Minha vida sexual começou aos 16 anos, com um ex-vizinho meu. Porém, a primeira vez que usei uma calcinha já tinha uns 23 anos. Foi aí que tudo começou...
Por curiosidade, certo dia, entrei na sala de bate papo de travestis da UOL. Isso remonta ao início dos anos 2000. Nem havia sala específica de crossdresser, como já existe atualmente. Pois bem, teclei com várias pessoas, vários rapazes. Com um deles mantivemos contato e nos encontramos num domingo à tarde. Ele queria que eu me vestisse de mulher, mas não tinha roupas para isso. O que fazer?? Pra variar, peguei escondido algumas roupas da minha irmã e lá fui eu ao encontro do rapaz. Fomos a um motel, e eu me montei pra ele... quer dizer... apenas coloquei uma calcinha, vestido e uma sandália... foi o suficiente para passarmos uma tarde deliciosa juntos. Foi meu debut como crossdresser, digamos.
Nos encontramos outras vezes, sempre no mesmo esquema. Algum tempo depois, comecei a namorar um mecânico que morava próximo à minha casa que também pedia que eu me “montasse”para ele. E assim foi. Por coincidência ou não, acabei tendo namorados que curtiam essa fantasia. Que tinham o desejo de possuir (digamos...) um homem vestido de mulher.
Assim, talvez por perceber a demanda a esse tipo de fantasia, e também por começar a gostar disso. Acabei, aos poucos, sendo frequentadora assídua das salas de bate papo de cds. É claro que essa descoberta veio aos poucos. Vem sem a gente saber, e aos poucos essa identidade vai se formando na gente.
É uma descoberta silenciosa e solitária. Como ser crossdresser normalmente fica restrito às 4 paredes da casa, é mais difícil de socializar tal identidade, a não ser em conversas virtuais, que são importantes, mas muito superficiais.
Então, como aprender a se montar? Maquiagem? Cabelo? Roupas? Uma coisa é vc, enquanto menino, colocar uma calcinha, ou um vestidinho pra agradar seu namorado ou parceiro. Outra coisa é você, enquanto crossdresser, se montar. Digamos que a exigência é muito maior.
Quando, na segunda metade dos anos 2000 eu me assumi crossdresser, e fui à 25 de março comprar peruca, make e roupas (kkkk), não imaginava que montar um belo look exigia uma sensibilidade que, na época, não tinha. Ao olhar minhas fotos dessa época, quase tenho colapso... que peruca era aquela?? Batom horroroso! Roupinha da vovó em que nada combinava com nada!
Mas é assim mesmo! A aprendizagem vem aos poucos. Com o tempo, vamos percebendo e conhecendo o corpo, aprendendo a fazer uma maquiagem adequada que valorize o rosto, uma peruca tbm adequada à tez e ao todo, que deixe a gente bonita.
Afinal, independentemente da orientação sexual de uma crossdresser ou do que motivou a ter essa identidade, o que importa é estar bem consigo e com seu corpo. Olhar no espelho e se sentir bonita, se sentir bem interiormente. Até porque, quem me vê assim cantando, não sabe nada de mim... 
Na foto, depois de tantas "experimentações", meu look atual. "Dentro de mim, mora um anjo..."