domingo, 1 de maio de 2011

Ariadna

              Apesar de não ser nem um pouco fã do BBB, confesso que fiquei animada quando soube que haveria uma transexual entre @s participantes. Todos sabem q o BBB é um programa popular, com muita audiência, e tudo e qualquer coisa é motivo para discussão nacional. Então, a participação de uma sister transexual seria uma oportunidade para dar visibilidade e, assim, trazer informações às pessoas sobre o universo trans, que é tão mal explorado pela mídia brasileira. No entanto, Ariadna foi sacada do programa cedo, logo no primeiro paredão. Torci, inicialmente, por ela. Achei que seria interessante, em todos os sentidos, que ela permanecesse na casa. A sister ainda teve uma nova oportunidade de voltar ao programa, quando participou, com outros eliminados, da casa de vidro. E novamente o público a rejeitou.
                É fato que ainda há muito preconceito contra homossexuais, travestis, transgêneros e afins, mas também é fato que Ariadna não é das figuras mais carismáticas e inteligentes da face da Terra. Digo isso porque, nos poucos dias em que ficou no BBB e na casa de vidro, Ariadna não falava coisa com coisa, demonstrou ser uma pessoa sincera (quer dizer, mais ou menos, afinal, ela só declarou ser trans quando foi eliminada), mas que não tem muito a acrescentar, com exceção do belo corpo. Assisti a algumas entrevistas que só confirmaram a minha desconfiança: infelizmente Ariadna padecia da mesma limitação da maioria das travestis, ou seja, 100% de corpo e 0% de articulação. O que eu estou querendo dizer é que não tem como estruturar uma vida só se defendendo pelo corpo e na tentativa de encontrar um “príncipe encantado” ou, na linguagem mais popular, na procura de machos mesmo... É claro que isso não é exclusivo das trans. Claro q não! Sabemos que há muitas mulheres por aí que só pensam nisso. Se brincar, não sabem nem em que órbita estamos! Mas, infelizmente, em relação às trans e travestis, digamos que isso é potencializado.
                Não escrevi este post pra achincalhar gratuitamente Ariadna. Claro que não! Trata-se de uma pessoa batalhadora, que deve ter sofrido muito e que está em busca da sua felicidade e, claro, de dinheiro e sucesso. Falei da Ariadna para usá-la como exemplo do que a sociedade oferece e produz em relação às transexuais e travestis no Brasil (e, por que não dizer, no mundo). Poucas têm acesso à escola, acabam turbinando o corpo e se dedicando somente à parte estética porque é com o corpo que elas se defendem, é o corpo que lhes oferece o ganha-pão. Até porque, para a grande maioria, a prostituição é o único caminho viável de conseguir dinheiro. Caminho este, inclusive, trilhado no passado por Ariadna.
                Talvez se a ex-bbb fosse minimamente mais articulada, mais politizada (lembram de Jean Willys?) poderia ter chegado mais longe no programa e, melhor ainda, poderia ter incentivado um debate amplo sobre transexualidade que, infelizmente, não aconteceu. Ariadna está curtindo seus 15 minutos de fama. Posou na Playboy e espero que esteja fazendo um bom pé-de-meia para que, no futuro, não se submeta ao mercado pornográfico, como muitas ex-celebridades têm feito. E, claro, também torço para que ela encontre o seu príncipe encantado. Um homem que ela possa chamar de seu!
               Na foto, Ariadna e um boxeador australiano. Eles se conheceram numa festa a semana passada e ela tem esperança de que os 2 vão namorar. Quem viver, verá!

Um comentário:

  1. " infelizmente Ariadna padecia da mesma limitação da maioria das travestis, ou seja, 100% de corpo e 0%"
    infelizmente essa é uma verdade. a maioria sonha em ser uma "piriguete" e como toda "boa" piriguete..papo zero.

    ResponderExcluir